Alexia Putellas acusa a Federação Espanhola de Futebol de ter discriminado a seleção feminina durante vários anos.

Alexia Putellas, vencedora das duas últimas edições da Bola de Ouro, acusou este domingo a Federação Espanhola de Futebol (RFEF) de ter discriminado a seleção feminina durante vários anos.

Em declarações aos jornalistas após um treino da seleção espanhola, em preparação para o jogo frente à Suíça, na Liga das Nações, a extremo do Barcelona começou por garantir que, apesar dos protestos recentes contra a sua federação, as jogadoras mantêm o profissionalismo dentro de campo.

"Sei que têm dito muitas coisas e há várias que são muito estúpidas. Nós somos profissionais e tanto nos treinos como nos jogos tratamos sempre de dar o nosso melhor. Respeitamos o trabalho de toda a gente", apontou.

Putellas referiu que a seleção feminina lida com falta de condições há vários anos e explicou que, para além de as atletas pretenderem o repudiamento total do beijo que Luis Rubiales deu a Jenni Hermoso após a conquista do Mundial, também exigem "mudanças estruturais" na RFEF.

"Está tudo claro. Queremos duas coisas. Primeiro, tolerância zero em relação ao que todo o mundo viu e ao que não viu porque não se pode falar, e depois mudanças estruturais, porque o futebol feminino não tem estado na lista de prioridades da RFEF há anos", enumerou, partindo para exemplos concretos.

"Na preparação para o Euro, no dia antes de um jogo tivemos de apanhar um avião às três da manhã, um desgaste que não é normal em desportistas de elite. Não considerámos que fosse coerente nem normal termos feito isso quando no dia seguinte tínhamos de competir para estar num Europeu", revelou.

"Há muitos exemplos como esse. Num torneio em fevereiro, antes do Euro, contra equipa de alto nível, elas andavam de avião entre sedes e nós tínhamos de mamar com seis horas de autocarro. Não partimos nas mesmas condições", denunciou ainda.

Quanto ao episódio de Rubiales e Hermoso, que levou à demissão do antigo presidente da RFEF, Putellas comentou: "Temos de lutar por ela. Deu-nos muito e não íamos deixar que isso passasse em branco. Deu-nos força para garantir que não voltaria a acontecer".